segunda-feira, novembro 28, 2005

Romance .

A diferença que um dia faz na minha vida é igual aquela que, pateticamente, me faz a falta do teu sussuro, do teu beijo matinal com sabor a menta da pasta de dentes acabada de utilizar.
Acho que estou apaixonado por ti.
A falta que me fazes após passar um minuto sem ti é tão grande que só consigo aliviar a tensão quando penso nos momentos de cumplicidade pela qual passamos habitualmente: aquele puxão na gravata e o french kiss que desde cedo tu me tens vindo a ensinar. É tão bom estar assim, quando todos os dias vejo o Sol a sorrir para mim, quando oiço a Lua a ensinar-me a dança da chuva. Tenho saudades de momentos como aquele pelo qual passámos no dia em que, quando chovia a potes, eu passei por aí só para dizer Boa-Noite. O beijo que se seguiu. A estrela que se iluminou. A Lua que sorriu.

Como é bom estar apaixonado. Encontrar o romance perdido algures entre ti e eu. Entre os nossos corpos e entre os nossos pensamentos. Os nossos sorrisos cúmplices denunciam-nos como dois patéticos apaixonados que pernoitam nas estrelas para durante o dia passearem por Nenhures, com o tal sorriso na cara.
É tão bom sentir-me assim. Pena é não estares aqui.

Pena é nunca teres estado realmente aqui.
















( ~ What a difference a day make . Jamie Cullum ~ )
( Foto pela minha querida Sílvia - www.photoblog.be/sissa
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segunda-feira, novembro 21, 2005

O Ponto Final .

A noite já caiu. Ando pelo passeio para tentar chegar a casa. Enquanto espero que o boneco verde me indique o caminho reparo nos lampiões acabados de acender e na roda da bicicleta que oscula o piso molhado e anda ao mesmo passo que eu. As chaves de casa são as mesmas desde sempre, o vazio inexistente na casa preenche-me a mim não sei como nem porquê. Preciso de ar. Estou a precisar de mudar e de escrever o último parágrafo deste capítulo. O ponto final é necessário. Já não faz sentido, ou então até faz. Não sei o que se passa. Entretanto, está frio e chuva lá fora. A chuva cai e faz-se sentir na multidão que vagueia apressada pelas ruas quase desertas. Vivo num paradoxo constante. Sinto necessidade do Ponto Final. Mas...
Existe sempre um Mas no meio de tudo. Este Mas deixa-me continuar como me deixa parar. Pede-me uma Virgula apesar de eu querer um Ponto Final. Será que eu vou ceder ao Mas? Não sei...

Chegado está, então, o Ponto Final.

(Mas...)




















( ~ Fim do dia . Mafalda Veiga ~ )

quinta-feira, novembro 17, 2005

Desabafos

Troquei contigo as palavras mais bonitas e sinceras que alguma vez eu pensei em trocar com alguém. A vida prega partidas e tu foste uma delas. A noite começa a cair e assim também eu. Tenho sede das tuas palavras, fome dos teus gestos, falta do teu sorriso. A tua pele permanece em mim tal qual a primeira vez. A nossa primeira vez. A primeira vez que me tocaste e eu te toquei.

Sinto-me agora completamente sozinho.

A noite está perdida como eu. Tudo o que eu vivo é inutil e fugaz. Estou perdido nestas ruelas do coração e deixo-me cair no chão da emoção. O sabor do teu cabelo que vem de longe é simplesmente tudo o que eu ainda consigo sentir. O meu caminho foi traçado de modo a que nunca mais se cruzasse com o teu. Mas nunca é relativo. Muito relativo diria mesmo.


A noite está linda.
Tu és linda.
O que eu sinto é lindo.

É tão fácil dar-te o meu coração, dar-te o meu ser, o meu Eu quando me acalmas num dia mau. Mas após tanto tempo. Hoje ainda sinto falta de qualquer coisa. Essa mesma coisa que inconscientemente nunca me deste. O meu nariz já está a dar sinal de vida. Sabes... Aquela sensação que dá antes de uma pequena lágrima salgada sedenta de emoções sair dos olhos em direcção à boca.
"Tudo o que era fundo, fica perto..." como diz uma velha amiga, a mesma amiga que me diz que "Nem sempre o chão da alma é seguro, nem sempre o tempo cura qualquer dor."

Ela tem razão. O tempo nem sempre cura qualquer dor. A dor é como o monstro que está escondido debaixo da cama, que nos faz chorar cada singular dia.

Já está a amanhecer.

Há uma coisa em mim ferida. Essa ferida parece não sarar, mas pelo menos, o sangue já estancou. Mas como já estou habituado, a dor já nem me aquece, nem arrefece. Talvez no próximo anoitecer ela se faça sentir... Quem sabe?





(~ Story of the year . Anthem of our dying day ~)

quarta-feira, novembro 16, 2005

Tu e o sentido.

Quando o céu toca no mar, lá no fundo, bem fundo, eu sei que estás a pensar em mim. O teu ser emana um sorriso estranho e bonito que permite-me também sorrir. Este meu sorriso é triste e diz-me que não posso continuar assim, a razão diz-me. Mas a emoção que tão estranhamente me provoca e envolve, deita-me abaixo e faz me cair como cai alguém numa tragédia clássica. A tragédia clássica é talvez a minha própria vida. Hipérbole? Talvez. Mas ainda assim...

Do mesmo modo que tudo começou, que tudo teve o seu inicio, a espiga de trigo, a árvore, o pequeno ribeiro acima da casa dos meus avós, também tudo tem o seu fim. Finais felizes de contos de fada preenchem-me a memória infantil mas lúcida, esses mesmos finais felizes que eu desejo e ambiciono para mim próprio. O sentimento de derrota consegue-me surpreender a cada momento. É inacreditável como alguém me consegue derrubar com um simple sopro vindo lá de longe. Deixo-me cair cada vez mais e estonteantemente, vomito as palavras que outrora quis que me dissesses. Agora já nada faz sentido. Ou melhor...










Agora tudo faz sentido.










(Ah e tal. ~ Broken Words . Finger 11 ~ )

terça-feira, novembro 15, 2005

dia mau .

Hoje sinto-me impotente perante o mundo. Aqueles dias em que nos corre tudo mal e tudo está contra nós faz parte da minha rotina neste momento. O meu lado emocional sobrepõe-se ao racional e isso é mau. Os sentimentos afogam-se num turbilhão de pensamentos que se vão transformando em pequenas lágrimas translúcidas. As mesmas lágrimas que sempre me acompanharam durante a minha vida. Ai... Hoje este dia mau não parece querer mudar. Este mesmo dia mau que me permite observar o mundo com outros olhos, olhos com sede de mudança que a emoção não permite. Uma espécie de esquizofrenia está a apoderar-se de mim como se de um monstro se tratasse e devora-me os sentidos de um modo característico que me deixa na estaca zero.

Não vejo.
Não oiço.
Não falo.
Não sinto.

A esfera metálica onde eu, enclausurado, permaneço, aperta-me cada vez mais sem explicação aparente. A revolta apodera-se do meu ser e quero tocar-te. A minha vontade de te amar e de me entregar a ti. Possuir-te contra a parede. Consumar o meu desejo. Fazer-te feliz. Torna-se na maior das obcessões. Agora, estas palavras fazem parte de um Diário de um Esquizofrénico. Peço que me desculpem as pessoas e todos os seres vivos. Mas os meus sentimentos... Ai os meus sentimentos... Deixam-me assim...




Tudo isto porque hoje... Só hoje...
Vivi mais um dia mau.







(Peço desculpa pela ausência mas o tempo está escasso. Sugestão musical: Cure my tragedy (A letter to God) - Cold)

terça-feira, novembro 01, 2005

Hoje vou ficar por aqui...

E a chuva voltou a cair. Fez-se sentir em todo o lado. Sobretudo no meu corpo. No teu também, mas no meu ainda mais. Por entre palavras soltas e sorrisos cúmplices, eu precisava de sentir a chuva. Eu preciso de sentir.
Agora, com tudo isto já passado, estou rodeado de realidades alternativas à minha, há quem lhes chame livros. Nunca entendi bem porquê...

Estou sentado no chão. Olho para as velas a queimar aqui e ali, cada uma mais lenta que a outra. Sinto-me bem. Sorrio. Choro.

Procuro agora deitado a olhar para o tecto um novo rumo para não ser igual a ti, há coisas que não se explicam e o caminho que eu pintei naquela tela, naquela grande tela agora não dá para apagar. Confesso que tive para destruir a tela, queimá-la, mas do que é que isso adiantaria? Na minha cabeça (e no meu coração) esse caminho manter-se-ia bem presente.
Tenho de começar a desenhar outra tela, mudar de cores e de pincéis.

Dou um golo no café ainda bem quente. Uma vela apaga-se. Positivo. Acho que algo me diz para mudar...
Neste momento, quase nada parece certo. A ferida ainda dói, e o que está longe percebo que não está assim tanto. Estou a um passo de mudar. O problema é avançar.

Apagou-se outra vela.

Preciso de me sentir acompanhado. A cumplicidade parece não existir. A noite consome-me a alma ou o espirito ou o que lhe quiserem chamar. É tão facil errar e entregar-se de corpo todo a quem nos parece diferente e emana cumplicidade. Essa cumplicidade boa que todos gostamos.

Apagou-se outra vela.

Continuo à espera. Preciso de desenhar outro caminho, mais seguro, mas se for totalmente seguro que experiências é que isso me proporciona? Agora fiquei confuso.
Quando penso que o que está certo está certo, dizem-me que está errado. Quando penso que está errado, dizem-me que está certo. Não consigo perceber.
Entra alguma luz pela janela. Entra com ela uma brisa que apaga todas as velas. Aquele cheiro a cera quente...

Levanto-me. Pego numa realidade alternativa. Folheio-a. Durmo. Amanhã é outro dia.







(Sugestão musical para hoje: Cúmplices - Mafalda Veiga. Depois perceberão o que eu disse.)