quinta-feira, outubro 12, 2006

será ?

Ainda me consigo lembrar. Costumavas dizer que eu era especial. Sorrias. Por consequência, eu também sorria. A minha cabeça deixou de funcionar, não consigo acreditar que esta noite nada me sorri. Excepto tu, meu amor. Tu sorris. Sempre. Sorris sempre. Sem motivo aparente. A tua boca. A tua boca. O teu sorriso. Ouves me? Encontrei algo inacreditável. Por incrivel que pareça, encontrei a razão. Encontrei a minha sanidade desenhada por um menino pequeno. Sem cores. Lápis de carvão. Com tons azuis. Não me perguntes como. Mas era lápis de carvão com tons azuis. Incrível não é? Mas sinto falta de algo. A razão levou-me a emoção. Ou então não. Parece que não. Não sei. Estou confuso. Estou baralhado. Tento não pensar.

Tento.
Tento.
Tento.
Tento.

Quanto mais tento, mais me recordo. Lembro-me muito bem. Ainda me lembro muito bem. A tua boca. A tua boca. O teu sorriso. Quero te aqui hoje, esta noite. Estás longe. Perdi-te. Eu sou especial. Eu era especial. E tu persegues-me, és o meu fantasma. Será isto amor? Será?

(Será?)

Sinto a tua falta há tanto tempo. Ainda vives em mim. Comigo. Em mim. Não sei diferenciar. Guias me constantemente. Sinto-te. Porque estavas sempre lá comigo. Sempre. Sinto a tua falta. Sinto tanto a tua falta. Será isto amor? Será?

(Amor?)

Conforta-me. Liberta-me. Desinibe-me. Costumavas sorrir me quando eu fazia aqueles disparates, ainda que conscientes, continuavam a ser disparates. Achavas-lhes piada. E eu sorria. Porque tu sorrias, eu sorria. Será isto amor? Será?

(Será isto amor?)

Já não é a mesma coisa. Sinto tudo isto vazio. Não acredito que aqui não estás. Será que tudo isto não é fruto da minha imaginação? Não. Sei que não. Eu amar-te-ei mais e mais amanhã. Muito mais. Afinal, os milagres acontecem. Acontecem, não acontecem?

(Amor?)

Lembras-te da primeira vez? A primeira vez que eu consegui dizer que te amava? Chorámos e sorrimos. Deixámos a chuva circunscrever-nos. Foi especial. Eu sou especial. Era.

(Será?
Será que era?)

Lembro-me de tudo. Lembro-me do nosso mundo. O nosso canto. O nosso cheiro. A nossa vida. Lembro-me de nós. Lembro-me do Nós. O teu sorriso.

(Sempre o teu sorriso.)

Sê minha. Sê minha novamente. Mais uma vez, por favor. Ninguém está a ver-nos. Posso te levar a casa mais uma vez? Talvez a última. Mas só mais uma vez, peço-te! Esconde os teus medos e os teus sentimentos no meu arrependimento. Levas-me as palavras, e eu nada consigo dizer. Estou num mundo aparte. Não estou no meu mundo. Estou no teu. Ou então não. Não sei. Isto não significa nada para ti. De todo. Não significa nada para ti, de todo. Sorri-me como nunca sorriste. Olha para ti. És linda. Esconde os teus medos e os teus sentimentos no meu arrependimento. Leva-me. Eu amo-te.

(Será mesmo isto amor?)

Não significa nada para ti? Sinto-te. Pediste-me os sentimentos. Eu dei-tos. Eu dei-te os meus sentimentos. Eu dei-me. Eu ofereci-me a ti. Mas porque pediste se isso não significa nada para ti? Eu sou especial, eu sei. Era.

(Era?)

Enfim. Não vale a pena. Eu amo-te. Sinto-te. Longe, mas sinto. Quero-te. Muito. Hoje. Esta noite. Vem, fica, sorri.

(Sorris?)

Ainda me consigo lembrar. Costumavas dizer que eu era especial. Sorrias. Por consequência, eu também sorria. Será isto amor? Será?

(Amor?
Será isto amor?)










( ~ Damien Rice . Delicate ~ )
(Nostalgia. Frio. Pessoas. Erros. Muitos erros. Vida (ou ausência de). Quero sair. Muito. Farto. Muito. Tudo. Muito.)

pensamentos .

Inoportunos. Hoje vieram aqueles pensamentos inoportunos com os quais discutimos. É estranho olhar e ver o mundo com estes olhos. Estes olhos. A espera continua. Passadas firmes de tempos a tempos mostram-me que continuarei a seguir este rumo durante muito tempo. A ideia desagrada-me profundamente. São aquelas coisas simples que nos inquietam. Aquele bicho silencioso que destrói pausadamente. Lentamente. Ainda mais lentamente do que tu. Aquele bichinho que nos, ora satisfaz, ora mata. Ora sorri, ora chora. Ai como eu anseio aquele momento final. O momento final. Por favor meu Deus. Não me faças esperar mais tempo. Nem sei se acredito em Deus, mas nestas situações toda a gente se lembra d'Ele. Este bichinho está a destruir-me. Está a alimentar-se de mim. Está a alimentar-se do meu coração. Devora incessantemente. Custa. Dói. Sinto-me perdido no tempo, algures no espaço. Sinto esta incerteza. Estou a ouvir sons. Estou a ouvir sons que só eu consigo decifrar. Quero outro lugar. Outro mundo. Outro lugar. Outro lugar. Outro lugar. Outra pessoa. Quero-te longe. Quero este bicho horrível fora de mim. Este ser inócuo que me esvazia, que me corrói. Sinto-me traído. Confusão. Turbilhão emocional. Pensamentos perdidos. Talvez com sentido. Talvez incompreensíveis. Gostava de passar dentro do tempo, sentir tudo e todos. Ser outro. Renovar-me. Uma espécie de renascimento interior. Como eu queria. Uma lavagem total. Uma limpeza tal que, no fim de contas, sentiria-me bem. Sentiria-me novo. Digamos que era bom. Mas quem sou eu? Perco-me nestes meus pensamentos. Pensamentos inoportunos. Só sei que me quero bem longe. Longe deste bicho. Longe de ti.



"É um bicho.
E não ouve ."









( ~ Santos & Pecadores . Momento Final ~ )
(Sinto-me estranho. Não estou nos meus dias mais literários. Por isso perdoem qualquer coisinha. :) )