O vento passeia-se por este jardim interminável, brinca com as folhas e com os passarinhos que alegremente voam livres por aí. Este vento que leva e traz as coisas, os perfumes, a música, o fumo de um cigarro que acendeste lá longe.
Cai uma folha da árvore, verde ainda, o vento faz com que ela rodopie e dance no ar como nunca anteriormente dançara.
As crianças correm por este jardim, por este parque verde que termina lá longe. O vento volta-se a fazer sentir, as árvores começam magicamente a dançar, é a dança natural dos seres vivos que mesmo imóveis têm o poder inigualável de se mover sensualmente ao som do vento.
Ao fundo estás tu, aparentas calma e serenidade. Essa mesma calma que me tem vindo a conquistar desde à muito tempo.
Estás linda, trazes aquele vestido à menina de que eu gosto tanto. Vê-se na tua expressão que procuras algo que não tarda nada encontrarás. Olhas para mim e sorris. Caminhas lenta mas imponentemente na minha direcção.
Continuas a sorrir.
O Sol, esse, ilumina os teus cabelos lisos, apanhados atrás como eu tanto gosto.
-Estás linda hoje, mais do que todos os outros dias! - grito eu para longe.
Continuas a sorrir, sempre a sorrir.
Por fim chegas e beijas-me. Sentas-te a meu lado enquanto eu te contemplo. Um pássaro pousa entre nós e começa a cantar alegremente um hino à Primavera.
Eu deito-me e tu voltas a beijar-me.
O fim do dia não tarda.
O céu está cor de rosa, lilás e um pouco azul.
O Sol, esse, está enorme, brilhante e perfeito.
Ilumina o nosso amor.
O meu e o teu.
O nosso.
Se há algo que eu possa dizer veemente que tenho é o Amor, o Nosso Amor.
O vento torna a aparecer e tu, com frio, agarras-te a mim, sentes-te protegida comigo e eu gosto. Gosto que gostes de mim. Levantamo-nos e caminhamos procurando a saída deste belo jardim. Por entre árvores e trilhos caminhamos de mãos dadas, cúmplices como sempre.
O Sol ainda nos ilumina.
Tu ainda me iluminas.
Eu ainda te ilumino.
Sob esse mesmo Sol damos o derradeiro beijo, aquele que nunca se esquecerá, mesmo quando sairmos deste jardim, mesmo nas próximas paragens. Aí vem a noite. A Lua já se faz notar. Apertas o meu braço com mais força e eu respondo-te:
-Não tenhas medo! Eu estou aqui, como sempre estive e como sempre estarei. E tu sorrindo, dás-me a mão e continuamos o nosso caminho...
*Nostalgia*
(Sugestão de hoje: You always say goodnight, goodnight - The Juliana Theory)